sexta-feira, 8 de julho de 2011

E eles viveram felizes para sempre?

Desde pequenos, crescemos ouvindo os mais belos contos de fadas, mas eu como sempre fui uma criança, como diria Dona Chica Bilota, perguntadeira, não conseguia me conformar que aquilo realmente podia ter acontecido. Eis que um belo dia descubro as verdadeiras histórias dos contos de fadas que nos contavam, e mais, descubro que de belo e feliz, esses contos escondem finais trágicos, sombrios e macabros.

CHAPEUZINHO VERMELHO
A versão conhecida, aquela em que Chapeuzinho Vermelho, ao final de sua aventura pela floresta, consegue chegar sã e salva na casa da vovó, graças a um forte e corajoso caçador que mata o lobo mau, é balela da pura.
A versão original do francês Charles Perrault, não é tão feliz assim. A verdade por trás dos bastidores é a seguinte: Chapeuzinho Vermelho é uma garota bem educada que recebe falsas instruções de um lobo mentiroso, quando pergunta o caminho da casa da vovó. No fim das contas, a pobre e indefesa garotinha enganada é devorada pelo lobo, sem choro nem vela, sem vovózinha, sem gostosuras e sem travessuras, e sem caçador forte e corajoso para salvá-la numa linda tarde de verão. Apenas um lobo gordo e uma Chapeuzinho Vermelho morta!

A PEQUENA SEREIA
A versão de 1989 de A Pequena Sereia poderia ser (re) intitulada para “A Grande Sortuda", já que nessa versão da Disney, a princesa Ariel termina sendo transformada em um ser humano para que possa casar com Eric, e como todos os casais felizes e modernos, dão uma festa de arromba, sem espaço para qualquer distinção racial, sexual, de credo e espécie, chamando os seres humanos e os seres do mar.                                                                                 
Como já havia alertado vocês, desde o início, a rapadura é doce, mas não é mole não, e na verdadeira história, contada por Hans Christian Andersen, Ariel vê o príncipe casar-se com outra (pois é, até os príncipes são safados) e entra em desespero (bem clichê barato, mas a realidade). No ápice do desespero do amor não correspondido e na dor que sentia ao carregar o peso dos chifres, oferecem-lhe uma faca com a qual ela poderia matá-lo, mas, faltou-lhe a coragem (pensou que as leis no fundo do mar não seriam tão brandas ao alegar TPM ou a de que era ré primária) e, ao invés de matá-lo, salta para o mar e morre ao voltar para a costa, eita final feliz!                          
O Seu Hans até modificou um pouco o final para amenizar a história, afinal nossa bela Ariel já foi trocada, humilhada e escorraçada. Na nova versão ele, ao invés de deixá-la morrer na espuma da praia, resolveu lhe dar mais dignidade e torná-la “filha do ar” e viver sua morte no céu. Hellooooo, alguém se esqueceu de dizer para o bonitão que quem merecia esse final era o príncipe “safadão”, mas ao invés de virar “filho do ar” e ir para o céu, ele poderia virar o “filho do mármore” para queimar no fogo do inferno.

A BRANCA DE NEVE                                                               
Na história da Branca de Neve que nós conhecemos, a rainha manda o caçador matar a Branquina e trazer seu coração como prova do feito. O caçador, que não era forte e corajoso como o da Chapeuzinho não consegue fazer isso e lhe traz o coração de um porco qualquer.                                                                   
A boa notícia é que o conto da Branca de Neve não foi tão distorcido assim, mas alguns detalhes importantes foram omitidos para a nossa segurança: no conto original, a rainha pede o fígado e os pulmões de Branca de Neve, pois ela tem a intenção de servi-los no jantar daquela noite (aposto que o convidado de honra seria o Hannibal Lecter)! Há também o fato da princesa acordar com o balanço do cavalo do príncipe, enquanto era levada para o castelo. Beijo mágico? Para que? De mágico só a imaginação de vocês que vou deixar rolar ao questionar, o que o príncipe queria fazer com o corpo desfalecido de uma princesa? Ainda na versão dos irmãos Grimm, a rainha má é forçada, no final, a dançar até a morte usando sapatos de pedra, quentes como brasas. Super digno!

A BELA ADORMECIDA                                                        
Na versão conhecida de A Bela Adormecida, a adorável princesa adormece quando fura seu dedo em uma agulha, não lembro quanto mil anos depois finalmente chega o príncipe, beija-a, acorda-a, apaixonam-se, casam-se, e (surpresa!) vivem felizes para sempre.                                          
Contudo, o conto original não é tão doce e nem tão bonito. Nele, a jovem garota adormece por causa de uma profecia, não de uma maldição, e não é o beijo do príncipe que a desperta, mas sim o apetite sexual do rei que ao vê-la dormindo o sono dos anjos, linda e indefesa, resolve se divertir e créu! Nove meses depois, nascem duas crianças, uma delas (creio eu, a mais faminta) chupa o dedo da mãe, retira a peça de linho que a fazia dormir, engasga e morre (brincadeira, isso foi maldade minha) e voilá, a princesa acorda, descobre que foi violada e é mãe (solteira) de gêmeos. Fim.

JOÃO E MARIA                                                                  
Na versão conhecida de João e Maria, ouvimos a história de duas crianças que se perdem na floresta e encontram uma casa feita de doces e guloseimas que pertence a uma bruxa. A dona Bruxa Malvada, aprisiona as pobres e lombriguentas criancinhas na intenção de engordá-las e servir na ceia (que se não me engano contava também com a presença do nosso ilustre amigo Hannibal). Mas, ela não contava com a astúcia das crianças lombriguentas que conseguem escapar e atiram-na no fogo, salvando-se.                          
Numa versão francesa mais antiga (chamada As Crianças Perdidas), ao invés de uma bruxa, há um demônio, que as crianças também tentam enganar, contudo, ele que não é bobo, não cai na cilada e resolve que quer ver cabeças rolando e manda-os à guilhotina. As crianças, que também não são nem um pouco bobas (acho até que eram anãos disfarçados de criança), fingem não saber como entrar no instrumento e pedem para a esposa do demônio (que em alguma cabeça deve ter passado “essa é loira”) mostrar como se faz, a bonita achando que está abafando na historinha vai demonstrar como é que funciona a bagaça, e adivinhem: adeus pescoço e pé na estrada crianças.

CINDERELA
Na Cinderela moderna, nós temos a linda princesa casando-se com o príncipe depois que este viu que o sapatinho de cristal servia em seus pés.                                                                     
Porém, outra versão, contada pelos irmãos Grimm, é mais hard-rock: nela, as irmãs de Cinderela cortam partes dos próprios pés para que eles caibam no sapato de cristal, a fim de enganar o príncipe. Ele, por sua vez, é alertado por dois pombos fofoqueiros, e esses querendo fazer justiça com os próprios bicos, cegam as duas irmãs, bicando seus olhos. Elas passam o resto de suas vidas como mendigas cegas enquanto Cinderela vive no castelo do príncipe. Pelo menos a princesa, nessa aqui, sai ganhando né.

OS TRÊS PORQUINHOS                                                         
O conto dos Três Porquinhos foi muito amenizado para as crianças de hoje, ao contar uma história cheia de violência sem mostrá-la de fato. Terminamos com um conto muito simplório que mostra “como é bom ser esperto”.         
O conto original também não é muito longo, já que o lobo mau não perde tanto tempo assoprando casas, ele faz isso para pegar os dois primeiros porquinhos, que logo são pegos e devorados pelo lobo gordo. Já o terceiro porquinho — o mais esperto de todos — é o entrave, sem conseguir assoprar a casa de tijolos, o lobo tenta blefar, disposto a fazer de tudo para trazer o porco para fora de casa, promete nabos, maçãs e uma visita à feira, o porco que não é nada ganancioso (e certeza que está um pouco acima do peso) recusa a oferta. Mas o lobo (que é punk e encoxa a mãe atrás do tanque) decide usar a violência como sua aliada, escala o telhado da casa para entrar na casa pela chaminé, mas o porco, que também é meio psicótico (afinal ele é obeso e sozinho), já prevendo a ação do lobo previsível, coloca um caldeirão de água fervendo na lareira, o lobo cai ali dentro e morre. Ele e os dois outros porquinhos preguiçosos em seu estômago são agora, o sinistro jantar do terceiro porco (e quem não pode ficar fora da festa? O tio Hannibal).

Espero que todos, sem exceção, tenham uma linda noite de sonho, embalados pelos nossos lindos contos de fadas... rsrsrsrsrsrsrs...

4 comentários:

  1. Belos sonhos?Vou ter pesadelos,com todos esses psicopatas,ainda bem que eu não acredito em contos de fadas.

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  2. Ah Tia Irina, mas são histórias tão puras e inocentes...rsrsrsrsrsrsr

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  3. Sinistro.....gostei das versões originais, dariam bons filmes!

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  4. Fantastico, eu conhecia algumas das versões que saíram uma vez na superinteressante....rsrsrs Mas é sempre bom relembrar que não somos só nós que padecemos no paraíso(ou seria inferno)?????
    Muito legal!

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