quarta-feira, 27 de julho de 2011

Uma amizade nada provável

Este, sem dúvida nenhuma, é um dos meus filmes preferidos, pois trata de forma delicada e inesperada esta tão procurada e almejada amizade verdadeira. Trata de assuntos difíceis de ser digeridos até mesmo por nós, adultos, como bullying, depressão, alcoolismo, sexualidade, ódio, amor, morte, obesidade, confiança, dentre outros.
Baseado numa história real, o filme narra a vida de duas pessoas um tanto “diferentes” perante a sociedade, cujo destino tratou de unir e se fazer conhecer, mesmo que apenas por cartas trocadas.
Ele é Max, um judeu de 44 anos, portador da “Síndrome de Asperger”, uma doença mental em que o paciente não consegue desenvolver e nem expressar seus sentimentos, não consegue ler os sinais de comunicação não-verbais e vê o mundo de uma maneira muito literal, mora em Nova York, pesa 160 quilos e participa dos “Gordinhos Anônimos”, possui o sonho de morar na lua, simplesmente pelo fato de não querer contato com as pessoas. Ela é Mary, uma menina de 8 anos, solitária, não possui o amor e atenção dos pais, também é gordinha, mora na Austrália e seu único amigo é um galo. Apesar de todas essas diferenças há uma coisa que os une: a solidão. E é exatamente este sentimento que os une, incluindo todos os altos e baixos pelas quais a amizade passa e, principalmente, a capacidade que ambos têm em projetar no outro aquilo que desejam ser.
A situação familiar de Mary não é nada fácil, pois é filha de uma mãe alcoólatra e que adora depreciá-la, seu pai trabalha o dia inteiro numa fábrica e nas horas vagas pratica taxidermia em pássaros mortos que encontra pela estrada. Motivada por dúvidas que ninguém responde, Mary resolve mandar uma carta para um endereço aleatório, pego na lista telefônica de Nova York, e é assim que nasce a amizade entre ela e Max.
A partir de uma linguagem simples, o filme chama a atenção para os relacionamentos humanos através da beleza e da força que uma verdadeira amizade traz, uma amizade isenta de falsidades ou interesses. Mostra-nos a oportunidade de conviver com a diferença do outro e de aprender a respeitar essas diferenças, salientando a importância de construir uma amizade permanente e recíproca, uma doação contínua ainda que diante de alguns “defeitos”. Outra coisa que me chama a atenção no filme é o uso das cores: sendo que todas as vezes que Mary aparece, o tom usado é o marrom, já que é a cor predominante do seu desenho preferido “The Nobllets”, já com o Max os tons usados são o preto, o cinza e o branco, refletindo o mundo caótico em que ele vive. Aos poucos, vão entrando novas cores nesse enredo, como simbolizando o amor e afeto que um depositava no outro, dando uma nova visão de vida a essas duas pessoas que sempre foram tão solitárias e fechadas no seu próprio mundo, principalmente cores que contrastavam com o mundo preto e branco sem fim de Max, parecendo então, que esse mundo, ao dar espaço para Mary, já não era mais tão caótico assim. Outro fator interessante é a imagem que Mary mostra de si ao seu amigo, uma imagem sorridente e com o sol sobre a sua cabeça, pois apesar de se mostrar a maior parte do tempo como uma garota triste e melancólica pela situação vivida com os pais e na escola, é como se ela encontrasse um motivo que fosse suficiente para expressar-se de tal forma, para deixar, nem que por alguns momentos, de ser tão “infeliz”.  
A beleza desses dois personagens se encontra, dentre outros, na ingenuidade e de não esconder ou manipular aquilo que se passa dentro deles, algo sem limites e sem medo de expor e se expor. A maneira como é mostrada as relações interpessoais é impressionante: os personagens crescem, em idade e subjetividade, e seus problemas também, mas ainda assim, mesmo entre trancos e barrancos, continuam a se corresponder religiosamente, mostrando suas noções de vida e mundo.
Fecho essa resenha com a minha frase preferida do filme: A razão de eu te perdoar é que você é imperfeita. E eu também...” (Uma das cartas escrita por Max para Mary).


terça-feira, 26 de julho de 2011

Essa Vida Sempre Foi Assim

A vida sempre teve disso:
Essa lua na minha janela e esse sol que faz a manutenção do amorenado com o qual nasci.
Tem esse rio antigo que me provoca com a mesma ternura, (me chama, me esfria, me molha, me esquenta) e esse vento ora louco, ora leve como outrora, que se ausenta para eu implorar por sua volta.
Sempre houve esses minutos que eu gasto apreciando a engenharia das coisas simples e complexas, das facilidades da tecnologia. As construções das obras musicais enchem em massa os meus ouvidos e eu, por gostar da escrita, prendo os cabelos com um lápis.
Amo essa afinidade com as águas, mas minha mãe dizia que é preciso ser rocha para surportar a maré de mudanças do mundo.
Sempre foi assim e nada me cansa.
A vida é rotina e é mistério e é na passagem dos anos, em meu vestido branco, rendado e rodado que desejo mais do sal que tempera essa velha cantiga de viver.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Verdade Nua e Crua


Desde pequena, ouço algumas "verdades" que as pessoas contam e afirmam para você por mera convenção social, meu post de hoje é dedicado à essas verdades, hoje vou desmascará-las, jogá-las na panela picadinhas e cozinhá-las, mostrando como é a versão oficial e as que as pessoas gostariam de ter coragem de admitir...rsrsrs...

1) Encaro a morte com tranquilidade, já me preparo há muito tempo: essa é uma mentira deslavada né, vamos combinar. Ninguém, por mais que se pense nela e que se prepare a cada dia (no caso daquelas já anunciadas) está preparado para desistir assim, com total tranquilidade, não há cristão, judeu, espítira, ateu, que esteja preparado para encontrar a dita, ninguém está 100% apto a lidar com a sua e nem com a do próximo.

2) Dinheiro não compra felicidade, seguido do clássico, portanto não ligo para ele: Aham, e todo ano o Coelhinho da Páscoa, o Papai Noel e seus lindos e contentes duendes vem bater à minha porta. Acho que para quem tem dinheiro saindo de todo e qualquer orifício do corpo, a afirmação seja real, fora isso neném, chega de mentiras. A máxima de que dinheiro não traz felicidade, mas manda buscar é real e verdadeira.

3) Sou totalmente desapegado de bens materiais: Normalmente repetido por pessoas que enquanto dizem esse tipo de coisa está postando no FB pelo IPhone 3GS que acabou de comprar o IPAD Touch Screen Master Plus Organization, que solta bolinhas de sabão para divertir o filho pentelho que não pára de reclamar. Ou não vai muito longe, pega um DVD (não DVD é passado), um BLU-RAY emprestado e devolve riscado, você vai ver que o desapego vai se transformar no mínimo num palavrão muito bem proferido e dependendo de quem for, seguido de um tapa muito bem dado no meio da fuça para você aprender a ter respeito e cuidado pelo meu bem material.

4) O importante é ter saúde: Assim como ter dinheiro, um carro, um computador, um IPOD e bla bla bla. Afinal, não podemos esquecer que vivemos num capitalista que toma sua saúde de graça e a devolve por 10x o preço.

5) O importante é que nos amamos: Como se amor enchesse a geladeira no final do mês e proporcionasse casa, comida, roupa lavada e água quente. Pega sual alma gêmea e amada e vai morar embaixo da ponte, o amor acaba em 3 dias, no máximo.

6) O que importa é a beleza interior: M-E-N-T-I-R-A!!!! E daquelas feias e cruéis. No primeiro momento o que e atrai é a beleza física e externa, mesmo que o seu padrão seja diferente do convencional, afinal ninguém olha para uma pessoa no outro canto do bar e diz: nossa ele (a) parece ser tão culto (a), inteligente com a aura mais linda e colorida que já vi na vida e o coração então, vale ouro.

7) Se eu ganhasse na loteria, ia ajudar muita gente: Ia mesmo, ajudar a esquecer que um dia você existiu né, meu bem. No caso, os parentes próximos e olha lá. Dar essa desculpinha esfarrapada, é uma pequena mentirinha que diz a si mesmo e aos outros na frívola esperança de que Deus esteja vendo o enorme coração de ouro que você tem e acredite no seu altruísmo, beneficiando-o com a sorte e muitos milhões na conta.

8) Fico muito feliz com o sucesso dos outros: E olha que essa, vim descobrir há pouco tempo que não era uma verdade tão verdadeira. A gente fica feliz com o sucesso alheio, desde que esse lhe traga algum benefício, ou seja, somente daqueles bem próximos. Agora, nego, se você está concorrendo por esse sucesso com alguém, sinto muito, aquele tapinha nas costas que você dá nas costas do fulano, vem mascarado com a vontade gigante que você está de dar esse tapa na cabeça, quem sabe ele não sofre um traumatismo e eu fico com o sucesso dele (ai que maldade, ams tenho visto e lidado com pessoas que realmente devem pensar assim). Então, amigos, se direta ou indiretamente, você não seja beneficiado na história, você está enganando a si e os outros.

9) Adoooooro acordar cedo, fico tão mais disposto: Pega na mentira, pega na mentira. Você fica mais disposto a mandar o primeiro filho da mãe que lhe dá bom-dia ao inferno né. Ninguém acorda cedo porque quer, e sim porque é obrigado, então repetimos esse mantra todos os dias para ser mais fácil lidar com a dor e tormento que é acordar cedo.

10) O problema não é você, sou eu: Aham, senta lá Claudia. Alguém realmente ainda cai nessa? A cara de pau que anda temos em repetir eu sei que existe, mas será que a pessoa que a ouve ainda acredita. Se acredita, merece a mentira, afinal, mas é "você o quê?" Será que essa pessoa têm problemas mentais, tipo "barulho de trem na cabeça" que não faz raciocinar direito , o que o faz ficar deprimido, fazer aquela cara de coitado e quando menos espera: katapuft...sumiu...

Pois é, comecei a lista de hoje com 10, logo menos postarei mais algumas, afinal, mentira é o que não falta nesse mundão velho de guerra...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Causos da vida real

Dona Benedita é uma simpática e adorável velhinha que todos conhecem por Bene. Está beirando os oitenta anos, que como ela mesma diz: "oitenta anos muito bem vividos e felizes." É feliz, logo sua família também o é. Esses quase oitenta anos lhe renderam duas filhas solteiras e um filho casado. Natalino, o filho, tem uma esposa dedicada e fiel, assim como sua mãe foi, e esse casamento harmonioso presenteou Dona Bene (como ela gosta de dizer) com três lindos netinhos, sapecas, curiosos e cheios de vida. Apesar de nada lhes faltar, eles trabalham duro para dar à família e à Dona Bene o conforto merecido que a sociedade moderna permite. Dona Bene, assim como seu filho, foi muito bem casada com o já  falecido Seu José (Zé, como gostava de ser chamado), que Deus levou aos setenta e oito anos, cheio de brilho nos olhos e poucos cabelos, brancos como um chumaço de algodão. Seu casamento durou mais de cinquenta anos e o casal cumpriu rigorosamente a promessa feita diante do altar, sendo fiéis um ao outro até que a morte os separou. Falecido o seu marido, Dona Bene, enfrentou com alegria e vivacidade o azar que a vida lhe causou: levar o seu amado marido antes dela. Com a morte do Seu Zé, os filhos e os netos garantem e proporcionam a Dona Bene o calor e o carinho de um lar abençoado, o que tornou possível suportar a dor da partida do querido pai e marido. A aposentadoria que o Seu Zé deixou é bem modesta: apenas um salário mínimo mensal que a Dona Bene, vai sem falta e atraso buscar mensalmente, em uma das agências do Banco do Brasil, no bairro do Limão. Nenhum dos filhos, jamais colocou as mãos no dinheiro da mamãe, para que ela possa gastar na satisfação de seus humildes desejos, sabe, aquelas pequenas utilidades de uma senhora com quase oitenta anos. Em casa nada lhe falta. Dona Bene nada diz e nada lhe é perguntado sobre o dinheiro da aposentadoria. O filho sempre teve certeza que esse salariozinho estava sendo bem usado pela sua mãezinha querida, pela qual devota um amor intenso e incondicional. Mas, de uns tempos para cá, Dona Bene anda sem um centavo sequer no bolso, muito embora sua pequena pensão continue a cair pontualmente todo mês. A nora sem conseguir entender como que uma senhora sozinha, de quase oitenta anos, sem nunca trazer qualquer novidade para casa, como uma dessas blusas que vendem nessas bancas de camelô espalhadas por toda a cidade, estava sempre sem dinheiro, resolve avisar seu marido. Dona Bene tem alimentação, remédio, plano de saúde e serviços básicos da casa, tudo pago pelos filhos, condução gratuita e mesmo assim, seu dinheiro insistia em sumir misteriosamente. O que estaria acontecendo com o salário de Dona Bene? O filho, já a par do assunto, muito constrangido, questiona a mãe para saber o que estava acontecendo, qual era o mistério.
Eis que Dona Bene diz: "não se preocupe tanto, meu filho, não estou jogando meu dinheiro fora, nem gastanto no bingo e muito menos com um namorado vinte anos mais jovem, eu estou investindo meu dinheirinho para o bem de toda a família."
E o preocupado filho: "investindo? Como assim mãe? Em qual banco? Cadê os recibos?"
-Não, meu filho, não é em banco, é na igreja que estou frequentando durante o dia ali no centro, já que nada tenho a fazer o dia todo. Lá na fila do banco, conheci uma obreira que me contou sobre essa aplicação e o Pastor me falou que tudo que eu depositar lá na igreja dele, a nossa família vai receber dez vezes mais. É filho, isso é garantia de Jesus, ele diz, e eu acredito. Sei que estou fazendo isso para o bem de todos.
-Quer dizer que a senhora está dando todo o seu salário para o pastor? Fica sem um centavo sequer?!
- É né, meu filho, qual a parte de investir tudo você não entendeu? Esse pastor é famoso, ele aparece na televisão curando as pessoas de tudo quanto é doença e desgraceira que pode se abater nas suas cabeças, e isso tudo meu filho, em nome de Jesus. Eu vi, por isso acredito filho, acho que investir na igreja do pastor vai ser uma benção para a nossa família.
Pois é, Dona Bene, continua simpática e adorável, como sempre foi, mas não tem mais o seu Zé para protegê-la dos espertalhões e cuidar das suas coisinhas. Agora o que ela tem é um pastor! Pobre da Dona Bene! Que Deus a proteja, porque as autoridades não vão. Mesmo fazendo "vista grossa", afinal isso nada tem a ver com eles, para essas autoridades o que vale é o ditado: "os cães ladram e a caravana passa." Os donos do tal banco de Cristo que toma mensalmente o dinheirinho de das tantas Donas Benes e Seus Zés estão sempre lá, na televisão gritando suas línguas e "investindo" o salário mínimo de seus cordeiros. Por sua vez, nem a justiça e nem a polícia podem ajudar Dona Bene, na verdade, não querem ajudar. E a família, nada pode fazer, pois a Dona Bene já foi iludida "pelo santo e puro sangue de Jesus".
Infelizmente, não sou eu a autora dessa triste história, senão o final seria bem diferente.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Feliz Dia do Amigo



REFLEXOS E REFLEXÕES - MOSKA

Diga aí amigo
Como vai você?
Estou aqui contigo
E você também me vê
Às vezes sou seu clone
E você é o meu
Não temos o mesmo nome
Mas nossa vida se perdeu
Em encontros e desencontros
Do mesmo sopro
Que atravessa eu e você
Se estou contigo
É porque estás comigo
E nós não podemos nos perder.




terça-feira, 19 de julho de 2011

Se a vida é...


"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

E são com as palavras sábias de Cora Coralina (1889-1985) que me arrisco a concluir que, a vida é, não tenta ser. E sendo como ela é, ela é toda parte, não se divide: nunca chega; nunca parte. E se a vida nunca, ela é sempre presente, e se algo aparenta ter partido , é porque devemos estar vendo apenas uma parte. E ver a vida como sendo apenas uma parte, é natural para aquele que só enxerga a vida pela metade. Ver a vida por completo é uma missão para toda e qualquer idade, afastando assim a ilusão que impera, pois a vida continua sendo, além daquilo que você enxerga.

Eu sei que não é fácil, mas quem disse que seria? Então, caminho para um dia chegar lá e viver e ver minha vida por completo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Coisas Ruins

Você já passou por muitas ruins nessa vida e achou que o mundo ia acabar, certo?
Certo, afinal coisas ruins acontecem o tempo todo para provar para você e o mundo que é um ser humano forte e que tudo pode superar, porém essas coisas ruins, só são ruins porque são estranhas ou diferentes daquilo que você conhece, coisas ruins que eventualmente trazem consequências boas ou, no mínimo, te fortalecem e te ensinam a enfrentar as próximas coisas ruins que com certeza virão.
Aquele primeiro estágio importante, no qual você não foi efetivada e achou que sua carreira estava arruinada. Aquela besteira que você fez logo no começo do novo emprego e não sabia como a chefe nova ia reagir, e que na sua cabeça (uma cabeça tão cheia de dúvidas, mas que nessas horas viram certezas) era caso de demissão. Aquela pessoa querida que morreu daquele jeito tão estúpido que você lembra quase todos os dias e se culpa (não importa que nada pudesse ser feito, nós temos que culpar alguém),  já que era nova e imatura demais para entender as consequências que aquele dia teria na sua vida. O rolo-caso-ficante que sumia por meses e meses e depois aparecia de bicicleta na porta da sua casa e você tinha certeza que ia morrer de vergonha dos seus pais, dos vizinhos fuxiqueiros que insistiam em aparecer na janela e que (de novo as certezas que só nossa cabeça cria) iam deixar você difamada em toda vizinhança. A pessoa que você mais gostava no mundo te deu uma punhalada nas costas, você passou noites e noites sem dormir e achou que nunca mais conseguiria ser feliz nesse mundo horrível e cruel. O namoro de 3 anos e meio que já tinha acabado faz tempo e você não percebia, até que um dia você percebeu e seu mundo desabou, rolou barranco abaixo e você queria que ele acabasse mesmo no barranco para que morresse encostada, não ter nem o trabalho de se mexer. O frio na barriga intenso de saber que você está indo sozinha para o outro lado do mundo, para terras estranhas com pessoas estranhas passar o mês mais longo (e mais delicioso) da sua vida. O medo de tudo dar errado, sempre. A mistura de medo e satisfação de saber que você mudou, mesmo que nenhuma santa criatura tenha percebido. O medo de tomar aquela decisão que mudaria toda sua vida em poucas semanas, e a sua vontade era de não ter que decidir nada nunca mais. O medo maior ainda de se acostumar com a decisão tomada, tentando calcular cada consequência que isso terá em cada aspecto de sua vida. As noites de domingo com choro, sofrendo antecipadamente por coisas que você nem sabe se te farão sofrer. O menino novo do fim da rua que você já sabe que será o grande amor e ódio da sua vida, pois é certo que irá quebrar seu coração de tal maneira que não há cola que junte os pedaços.
Enfim, todas aquelas crises que todo mundo passa em todas as fases da vida, por várias e várias vezes, e que você tem certeza que o mundo acabou. Mas aí, nada como um dia após o outro com a noite no meio, para você acordar e que a terra continua girando independente do seu sofrimento, que as pessoas continuam vivendo suas vidas independente dos problemas que você tenha e que você, assim como elas, também tem que viver a sua, levantar da cama, escovar os dentes, dar bom dia ao dia e sorrir para os estranhos e para aqueles que convivem com você. Até que um belo dia - e você nunca sabe quando esse belo e ensolarado dia vai chegar - você se descobre feliz com sua nova situação. E um dia você vai descobrir que o mundo não acaba e não pára nunca para que você possa descer!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Dia em que me tornei Andrea Doria

Era uma vez uma jovem que acreditava na virtude, em fazer as coisas corretamente, de acordo com as regras e fica batendo contra a parede porque esse mundo não funciona.
Essa é a questão que levanta a música Andrea Doria da Legião Urbana: a juventude com seus infinitos sonhos e planos e a descoberta do mundo real, um mundo hipócrita, consumista, mentiroso e capitalista, que ao cair na realidade, fica sem saber o que fazer.
Andrea Doria é o nome de um navio que afundou e creio que Renato Russo escolheu esse nome pelo fato da menina da canção ser uma pessoa cheia de vida, esperanças, planos e quem sempre estava lá para dar uma força, mas que no fim das contas, sente que o seu próprio navio afundou e fica mal. É um diálogo entre os dois, em que ele assume uma posição que sempre foi dela, ser otimista sempre e fazer com que ele enxergasse o lado bom da vida, que independente de qualquer situação, ela tinha o dom de enxergar além do que se via.
E essa é a história, sem muito poréns e fantasia. Essa é a música que sempre senti uma conexão, como se tivesse sido feita para mim, me sinto a Andrea Doria, aquela menina retratada na polaroid tirada no momento exato em que as utopias da minha juventude são sem sombra de dúvidas, confrontadas com o tal mundo adulto, aquela menina que hoje enxerga o crescer como um processo no qual pouco a pouco desvencilha-se das ilusões que tinha, que se sente acuada pelos espinhos de um mundo saturado de indivíduos céticos, cínicos e mentirosos que "vendem fácil aquilo que não tem preço" e assim, torna-se "madura", "responsável" e larga seus sonhos pelo caminho, correndo o risco de me concentrar somente em uma única preocupação: como arranjar dinheiro para pagar as dívidas (a preocupação de todas as pessoas que migram para o tão aguardado e sonhado mundo adulto).
Não é apenas nessa música que Renato Russo me convence de que sou Andrea Doria, ele me convence quando canta a "ferrugem nos sorrisos", a "estupidez de todas as nações" e quando "rabisca o sol que a chuva insiste em apagar". E assim, como Andrea Doria, Carolina tenta voltar a ser aquela menina do início, a que acredita na virtude, que enxerga o lado bom do ser humano e que compreende quando este faz algo de errado, pois assim como ela, cansou de dar murro em ponto de faca e ao tentar algo diferente, viu que caiu na besteira de não ter tomado a melhor decisão para o momento e pensando nisso sabe que o refrão foi escrito para ela: " ...e nada mais vai me ferir, é que eu já me acostumei, com a estrada errada que eu segui e com a minha própria lei, tenho o que ficou e tenho sorte até demais, como sei que tens também."



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Eu Quero é Rock!

Hoje 13 de julho é comemorado o aniversário, daquele que é sem dúvida nenhuma (e não há gostos ou modismos que discordem dessa tese), foi e continua sendo o ritmo e gênero musical que mais e melhor assumiu a linha de frente quando o assunto são revoluções sociais.
Esta data, tomou alcance e corpo no ano de 1985, quando um festival realizado simultaneamente em Londres, na Inglaterra e na Filadélfia, nos EUA, provou que a música tem o poder de reivindicar mudanças. A causa da época era em favor do povo etíope, retratado diariamente nos jornais como miseráveis. Foi aí, que o pelotão de combate, encabeçado nada mais nada menos por: The Who, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen, Joan Baez, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins, Eric Clapton e Balck Sabbath, exigiu a erradicação da fome naquele país.

A Origem
Surgiu nos EUA na década de 50, com o espírito inovador e diferente de tudo que já tinha ocorrido na música, unindo um ritmo rápido à pitadas da música negra do sul dos EUA com o country. Com letras simples e um gingado dançante, rapidamente caiu no gosto da galera, aparecendo pela primeira vez num programa de rádio no oeste de Ohio, em 1951.

A Década de 50: os primeiros passos
No ano de 1954, Bill Halley lança o grande sucesso Shake, Rattle and Roll . No ano seguinte, surge no cenário musical aquele que até os dias de hoje é considerado o Rei do Rock, Elvis Presley: unindo diversos gêneros como o country, o gospel e o rhythm and blues, ele até hoje agita as festas e está na boca do povo.

A Década de 60: rebeldia e transgressão
Na década de 60, surge no mundo do rock a banda de maior sucesso dos últimos tempos: os Beatles. O quarteto de Liverpool estouraram nas paradas da Europa e dos EUA, em 1962, com a música Love me Do. Eles ganharam o mundo e até hoje, assim como Elvis, angariam mais fãs a cada dia.
Esta década ficou conhecida como Anos Rebeldes, graças aos grandes movimentos pacifistas e manifestações contra a Guerra do Vietnã. O rock ganha um caráter político de contestação nas letras de Bob Dylan.
Em 1969, o Festival de Woodstock torna-se o símbolo deste período, com o lema "paz e amor" e meio milhão de jovens que comparecerão no concerto e contou com a presença de Jimi Hendrix e Janis Joplin.

A Década de 70: o psicodelismo, o pop, o punk e o metal
Nesta época o rock ganha uma cara mais popular com a massificação da música e o surgimento do videoclipe.
Cores e combinações marcantes, drogas e muito, muito protesto marcam essa década. Movidos à acido, músicos como Bob Dylan, Jimi Hendrix e Joe Cocker fazem história.
Pegue o blues, acelere a batida e amplifique sua potência ao máximo, adicione caras feias, cabelos longos e roupas pretas, eis que surge o metal.
Atitude, rebeldia e anarquia são os princípios básicos básicos do punk rock. Com poucos e simples acordes, letras carregadas, muita gritaria e moicanos cada vez mais altos e vistosos, os punk rockers marcam o cenário rock and roll com o seu jeito peculiar de ver a vida.

A Década de 80: um pouco de tudo
Como tudo que é extremista não dura muito tempo, o punk rock logo saiu de cena e deu lugar à depressão com o Joy Division, que mal conquistou seus fãs e saiu de cena com o suicidio de seu vocalista Ian Curtis. Nesse momento o bastão depressivo é passado ao The Cure e companhia limitada, que abusavam do visual dark: lápis pretos nos olhos, coturnos e sobretudos.
A década de 1980 foi marcada pela convivência de vários estilos de rock. O new wave faz sucesso no ritmo dançante das seguintes bandas: Talking Heads, The Clash, The Smith, The Police.
Surge em Nova York uma emissora de TV dedicada à música e que impulsiona ainda mais o rock. Esta emissora é a MTV, dedicada a mostrar videoclipes de bandas e cantores.
Começa a fazer sucesso a banda de rock irlandesa U2 com letras de protesto e com forte caráter político, seguindo um estilo pop e dançante, aparecem Michael Jackson e Madonna.

A Década de 90: fusões e experimentações
Esta década foi marcada por fusões de ritmos diferentes e do sucesso, em nível mundial, do rap e do reggae. Bandas como Red Hot Chili Peppers e Faith no More fundem o heavy metal e o funk, ganhando o gosto dos roqueiros e fazendo grande sucesso.
Surge o movimento grunge em Seattle, na California, vestindo suas camisas flaneladas.  O grupo Nirvana, liderado por Kurt Cobain, é o maior representante deste novo estilo. R.E.M., Soundgarden, Pearl Jam e Alice In Chains também fazem sucesso no cenário grunge deste período. O rock britânico ganha novas bandas como, por exemplo, Oasis, Green Day e Supergrass.

Os Dias de Hoje
Do submundo do rock surgiu o Hardcore, um ritmo que tem por base o punk, porém tocado de forma mais acelerada. O derivado desse movido é chamado de Emocore (Emotional Hardcore) que preferiu trocar as letras de protesto pelos dilemas do coração. Com o tempo, esse movimento migra para o público adolescente (cheio de incertezas e espinhas) e o jeito foi colocar a franja de lado e curtir o ritmo que resume a vida da molecada.

O Rock no Brasil
O primeiro sucesso no cenário do rock brasileiro apareceu na voz de uma cantora. Celly Campello estourou nas rádios com os sucessos Banho de Lua e Estúpido Cupido, no começo da década de 60. Em meados desta década, surge a Jovem Guarda com cantores como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. Com letras românticas e ritmo acelerado, começa fazer sucesso entre os jovens.
Na década de 70, surge Raul Seixas e o grupo Secos e Molhados. Na década seguinte, com temas mais urbanos e falando da vida cotidiana, surgem bandas como:
Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii, Blitz e Os Paralamas do Sucesso.
Na década de 90, fazem sucesso no cenário do rock nacional: Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Pato Fu, Skank entre outros.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O Passeio Socrático

Há muito tempo atrás, li esse texto, escrito por Frei Betto, que ao visitar a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.
O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos.
O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens". Portanto, em si o homem não tem valor para nós. O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas têm alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígine cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia? Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife: não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela.
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder, pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos e se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil, revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela, mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings, ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo, também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas e, assediado por vendedores como vocês, respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

E após tanto tempo, esse texto continua, cada dia mais, fazendo mais e mais sentido...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Motivador

Ricardo era o tipo de cara que vocês gostariam de conhecer. Ele estava sempre de bom humor e sempre tinha algo  de positivo para dizer. Se alguém lhe perguntasse como ele estava, a  resposta seria logo: "Ah, se melhorar, estraga". 
Ele era um gerente especial em um restaurante, pois  seus garçons o seguiam de restaurante em restaurante apenas pelas suas atitudes. Ele era um motivador nato. Se um colaborador estava tendo um dia ruim, Luis  estava sempre dizendo como ver o lado positivo da situação. 
Fiquei tão curioso com seu estilo de vida que um dia  lhe perguntei:
-Você não pode ser uma pessoa positiva todo o tempo. Como faz isso?
Ele me respondeu:
-A cada manhã, ao acordar, digo para mim mesmo Ricardo, você tem duas escolhas hoje: pode ficar de bom humor ou de mau humor. Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo ruim acontece, posso escolher  bancar a vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido. Eu escolho aprender algo. Toda vez que alguém reclamar, posso escolher aceitar  a reclamação ou mostrar o lado positivo da vida.
-Certo, mas não é fácil - argumentei.   
-É fácil sim, disse-me Ricardo. A vida é feita de escolhas. Quando você examina a fundo, toda situação sempre  oferece escolha. Você escolhe como reagir às situações, você escolhe como as pessoas afetarão o seu  humor e é sua a escolha de como viver sua vida.  
Eu pensei sobre o que Ricardo disse e sempre lembrava  dele quando fazia  uma escolha.   Anos mais tarde, soube que Ricardo, um dia cometera um  erro, deixando a porta de serviço aberta pela manhã. Foi rendido por assaltantes. Dominado, e enquanto tentava abrir o cofre, sua mão  tremendo pelo nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico e atiraram nele. Por sorte foi encontrado a tempo de ser socorrido e  levado para um hospital.
Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de  tratamento intensivo, teve alta ainda com fragmentos de balas alojadas em seu corpo. Encontrei Ricardo mais ou menos por acaso. Quando lhe perguntei como estava, respondeu:   
-Se melhorar, estraga.   
Contou-me o que havia acontecido perguntando:  
-Quer ver minhas cicatrizes?
Recusei ver seus ferimentos,  mas  perguntei-lhe o que havia passado em sua mente na ocasião do  assalto. 
-A primeira coisa que pensei foi que deveria ter  trancado a porta de trás, respondeu. Então, deitado no chão, ensanguentado, lembrei  que tinha duas escolhas: poderia viver ou morrer. Escolhi viver! 
-Você não estava com medo? Perguntei.    
-Os para médicos foram ótimos. Eles me diziam que tudo ia dar certo e  que ia ficar bom. Mas quando entrei na sala de emergência e vi a  expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Em seus lábios eu lia: "esse aí já era", decidi então que tinha que fazer algo.  
-O que fez, perguntei. 
-Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas  perguntas. Perguntou-me se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi que sim e todos pararam para ouvir a minha resposta. Tomei fôlego e gritei: "sou alérgico a balas"! Entre risadas lhes disse: "eu estou escolhendo viver, operem-me como um homem vivo, não como um morto".    
Ricardo sobreviveu graças à persistência dos médicos, mas sua atitude é que os fez agir dessa maneira. E com isso, aprendi que todos os dias, não importa  como eles sejam, temos sempre a opção de viver plenamente. Afinal de contas, ATITUDE É TUDO. 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

E eles viveram felizes para sempre?

Desde pequenos, crescemos ouvindo os mais belos contos de fadas, mas eu como sempre fui uma criança, como diria Dona Chica Bilota, perguntadeira, não conseguia me conformar que aquilo realmente podia ter acontecido. Eis que um belo dia descubro as verdadeiras histórias dos contos de fadas que nos contavam, e mais, descubro que de belo e feliz, esses contos escondem finais trágicos, sombrios e macabros.

CHAPEUZINHO VERMELHO
A versão conhecida, aquela em que Chapeuzinho Vermelho, ao final de sua aventura pela floresta, consegue chegar sã e salva na casa da vovó, graças a um forte e corajoso caçador que mata o lobo mau, é balela da pura.
A versão original do francês Charles Perrault, não é tão feliz assim. A verdade por trás dos bastidores é a seguinte: Chapeuzinho Vermelho é uma garota bem educada que recebe falsas instruções de um lobo mentiroso, quando pergunta o caminho da casa da vovó. No fim das contas, a pobre e indefesa garotinha enganada é devorada pelo lobo, sem choro nem vela, sem vovózinha, sem gostosuras e sem travessuras, e sem caçador forte e corajoso para salvá-la numa linda tarde de verão. Apenas um lobo gordo e uma Chapeuzinho Vermelho morta!

A PEQUENA SEREIA
A versão de 1989 de A Pequena Sereia poderia ser (re) intitulada para “A Grande Sortuda", já que nessa versão da Disney, a princesa Ariel termina sendo transformada em um ser humano para que possa casar com Eric, e como todos os casais felizes e modernos, dão uma festa de arromba, sem espaço para qualquer distinção racial, sexual, de credo e espécie, chamando os seres humanos e os seres do mar.                                                                                 
Como já havia alertado vocês, desde o início, a rapadura é doce, mas não é mole não, e na verdadeira história, contada por Hans Christian Andersen, Ariel vê o príncipe casar-se com outra (pois é, até os príncipes são safados) e entra em desespero (bem clichê barato, mas a realidade). No ápice do desespero do amor não correspondido e na dor que sentia ao carregar o peso dos chifres, oferecem-lhe uma faca com a qual ela poderia matá-lo, mas, faltou-lhe a coragem (pensou que as leis no fundo do mar não seriam tão brandas ao alegar TPM ou a de que era ré primária) e, ao invés de matá-lo, salta para o mar e morre ao voltar para a costa, eita final feliz!                          
O Seu Hans até modificou um pouco o final para amenizar a história, afinal nossa bela Ariel já foi trocada, humilhada e escorraçada. Na nova versão ele, ao invés de deixá-la morrer na espuma da praia, resolveu lhe dar mais dignidade e torná-la “filha do ar” e viver sua morte no céu. Hellooooo, alguém se esqueceu de dizer para o bonitão que quem merecia esse final era o príncipe “safadão”, mas ao invés de virar “filho do ar” e ir para o céu, ele poderia virar o “filho do mármore” para queimar no fogo do inferno.

A BRANCA DE NEVE                                                               
Na história da Branca de Neve que nós conhecemos, a rainha manda o caçador matar a Branquina e trazer seu coração como prova do feito. O caçador, que não era forte e corajoso como o da Chapeuzinho não consegue fazer isso e lhe traz o coração de um porco qualquer.                                                                   
A boa notícia é que o conto da Branca de Neve não foi tão distorcido assim, mas alguns detalhes importantes foram omitidos para a nossa segurança: no conto original, a rainha pede o fígado e os pulmões de Branca de Neve, pois ela tem a intenção de servi-los no jantar daquela noite (aposto que o convidado de honra seria o Hannibal Lecter)! Há também o fato da princesa acordar com o balanço do cavalo do príncipe, enquanto era levada para o castelo. Beijo mágico? Para que? De mágico só a imaginação de vocês que vou deixar rolar ao questionar, o que o príncipe queria fazer com o corpo desfalecido de uma princesa? Ainda na versão dos irmãos Grimm, a rainha má é forçada, no final, a dançar até a morte usando sapatos de pedra, quentes como brasas. Super digno!

A BELA ADORMECIDA                                                        
Na versão conhecida de A Bela Adormecida, a adorável princesa adormece quando fura seu dedo em uma agulha, não lembro quanto mil anos depois finalmente chega o príncipe, beija-a, acorda-a, apaixonam-se, casam-se, e (surpresa!) vivem felizes para sempre.                                          
Contudo, o conto original não é tão doce e nem tão bonito. Nele, a jovem garota adormece por causa de uma profecia, não de uma maldição, e não é o beijo do príncipe que a desperta, mas sim o apetite sexual do rei que ao vê-la dormindo o sono dos anjos, linda e indefesa, resolve se divertir e créu! Nove meses depois, nascem duas crianças, uma delas (creio eu, a mais faminta) chupa o dedo da mãe, retira a peça de linho que a fazia dormir, engasga e morre (brincadeira, isso foi maldade minha) e voilá, a princesa acorda, descobre que foi violada e é mãe (solteira) de gêmeos. Fim.

JOÃO E MARIA                                                                  
Na versão conhecida de João e Maria, ouvimos a história de duas crianças que se perdem na floresta e encontram uma casa feita de doces e guloseimas que pertence a uma bruxa. A dona Bruxa Malvada, aprisiona as pobres e lombriguentas criancinhas na intenção de engordá-las e servir na ceia (que se não me engano contava também com a presença do nosso ilustre amigo Hannibal). Mas, ela não contava com a astúcia das crianças lombriguentas que conseguem escapar e atiram-na no fogo, salvando-se.                          
Numa versão francesa mais antiga (chamada As Crianças Perdidas), ao invés de uma bruxa, há um demônio, que as crianças também tentam enganar, contudo, ele que não é bobo, não cai na cilada e resolve que quer ver cabeças rolando e manda-os à guilhotina. As crianças, que também não são nem um pouco bobas (acho até que eram anãos disfarçados de criança), fingem não saber como entrar no instrumento e pedem para a esposa do demônio (que em alguma cabeça deve ter passado “essa é loira”) mostrar como se faz, a bonita achando que está abafando na historinha vai demonstrar como é que funciona a bagaça, e adivinhem: adeus pescoço e pé na estrada crianças.

CINDERELA
Na Cinderela moderna, nós temos a linda princesa casando-se com o príncipe depois que este viu que o sapatinho de cristal servia em seus pés.                                                                     
Porém, outra versão, contada pelos irmãos Grimm, é mais hard-rock: nela, as irmãs de Cinderela cortam partes dos próprios pés para que eles caibam no sapato de cristal, a fim de enganar o príncipe. Ele, por sua vez, é alertado por dois pombos fofoqueiros, e esses querendo fazer justiça com os próprios bicos, cegam as duas irmãs, bicando seus olhos. Elas passam o resto de suas vidas como mendigas cegas enquanto Cinderela vive no castelo do príncipe. Pelo menos a princesa, nessa aqui, sai ganhando né.

OS TRÊS PORQUINHOS                                                         
O conto dos Três Porquinhos foi muito amenizado para as crianças de hoje, ao contar uma história cheia de violência sem mostrá-la de fato. Terminamos com um conto muito simplório que mostra “como é bom ser esperto”.         
O conto original também não é muito longo, já que o lobo mau não perde tanto tempo assoprando casas, ele faz isso para pegar os dois primeiros porquinhos, que logo são pegos e devorados pelo lobo gordo. Já o terceiro porquinho — o mais esperto de todos — é o entrave, sem conseguir assoprar a casa de tijolos, o lobo tenta blefar, disposto a fazer de tudo para trazer o porco para fora de casa, promete nabos, maçãs e uma visita à feira, o porco que não é nada ganancioso (e certeza que está um pouco acima do peso) recusa a oferta. Mas o lobo (que é punk e encoxa a mãe atrás do tanque) decide usar a violência como sua aliada, escala o telhado da casa para entrar na casa pela chaminé, mas o porco, que também é meio psicótico (afinal ele é obeso e sozinho), já prevendo a ação do lobo previsível, coloca um caldeirão de água fervendo na lareira, o lobo cai ali dentro e morre. Ele e os dois outros porquinhos preguiçosos em seu estômago são agora, o sinistro jantar do terceiro porco (e quem não pode ficar fora da festa? O tio Hannibal).

Espero que todos, sem exceção, tenham uma linda noite de sonho, embalados pelos nossos lindos contos de fadas... rsrsrsrsrsrsrs...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Despedida

Desde 1999 circula na internet, um poema de despedida, atribuído ao escritor Gabriel Garcia Marquez. Este poema é entitulado como La Marioneta ou A Despedida de Gabriel Garcia Marquez.
Essa pequena mentira, como muitas que vazam pela internet, entupindo as nossas caixas de email, teria começado com a notícia, divulgada pelo jornal peruano La Republica, que o escritor estava em fase terminal decorrente de um câncer linfático. Algum tempo depois, o tal poema começou a ser amplamente divulgado tanto na internet como em alguns jornais. O Globo do Rio de Janeiro e O Jornal do Comércio no Recife, inclusive descrevendo-o como um poema "lindo, emocionante e inesquecível".
O próprio escritor desmentiu a história e a autoria do poema, apenas confirmou que estava se submetendoa tratamento contra o câncer, e não morrendo, como foi veiculado.
Orlando Marsetti, em sua A Crônica do Falso Adeus, diz que "para quem conhece um pouco da obra desse grande autor, poderia ter desconfiado da autoria do poema, já que o poema insistia na  citação vocativa de Deus, pois pelo que sabemos, Gabo (como gota de ser chamado pelos amigos), é um escritor de esquerda, simpatizante do Marxismo, amigo de Fidel Castro, militante de causas sociais, enfim um militante engajado, mas nem de longe com um perfil religioso."
Em La Marioneta, encontra-se a versão original do poema em espanhol, com a afirmação de que o poema não foi escrito por Gabo, mas sim por um Johnny Welch, um ventríloquo que trabalha no México, para o seu boneco de nome Mofles. "Estou muito decepcionado por ter escrito alguma coisa e não receber o crédito" disse o ventríloquo. (Ah coitado, foi jogado de escanteio...rsrsrs...)
Então, esse post é dedicado ao meu amigo Rafaele, que assim como muitos, acreditou na história que circulou na internet, e como muitos se emocionou, porém, independente de quem tenha escrito, é um texto muito bonito que vale a pena ler. Abaixo segue o poema.

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas certamente pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, me  jogaria de bruços no solo, deixando descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saisse. Pintaria como um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida...
Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes- te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...
Aprendi que todo mundo quer viver no cume da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido
aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo do pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas finalmente não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente
estarei morrendo."

Gente, agora vamos combinar, nessa última frase, sabendo da história verdadeira, imagine o boneco morrendo e indo parar na maleta...kkkkkk...cômico e trágico, afinal o coitadinho, pelo jeito não queria morrer, mas seu dono (o Deus que ele tanto clama) não quis nem saber e matou o pobrezinho, ou quem sabe ele teve um síndrome de Pinóquio e queria ser um menino de verdade... Que dó! Que dó! Que dó!

Fonte: http://www.quatrocantos.com/LENDAS/31_marioneta.htm

terça-feira, 5 de julho de 2011

A alegria ainda é a melhor coisa que existe

“... é melhor ser alegre, que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração..."

Inicio meu texto, com as sábias palavras do poeta Vinícius de Morais e seu companheiro de tantos carnavais Baden Powell.
Para ser alegre é preciso abrir o coração e se permitir olhar para dentro dele, é olhar o mundo sabendo que para chegar a conclusão de que ele é belo, primeiro tivemos que conhecer o feio e que para ser feliz, precisamos passar pela tristeza.
Hoje, resolvi, assim como Vinicius, cantar essa música uma centena de vezes, cantá-la do Oiapoque ao Chuí para enfim, mentalizar e internalizar que é muito melhor ser alegre do que ser triste. 
É fácil perceber que em certos locais, nos sentimos ora mais alegres e em outros, ora mais entristecidos, espiritualmente falando (arrisco a dizer espiritualmente porque o que vou dizer envolve energia), e esses ambientes são criados pelas pessoas que o frequentam, logo também são criados pelas energias que elas carregam. E assim como há pessoas alegres, há aquelas que não valorizam a alegria com o respeito que essa merece, talvez porque achem que existam coisas mais importantes, ou porque estão preocupadas com o próprio nó que há em seu umbigo e não se dão a oportunidade de enxergar que a vida em harmonia com o outro é muito mais fácil de ser aproveitada.
Hoje, fui obrigada a ouvir o seguinte comentário: "prefiro pessoas sérias a pessoas alegres". Quem em sã consciência moral, física e psicológica afirmaria isso com tanta clareza, como se essas fossem duas qualidades opostas que não pudessem caminhar juntas?
A meu ver ser sério significa ser correto, justo e responsável e em lugar algum eu li uma regra que diz que as pessoas sérias não podem ser alegres e vice-versa.
Quando Vinicius e Baden escreveram "O Samba da Benção", afirmaram que para se escrever um samba alegre é preciso ter conhecido a tristeza e como já afirmei lá em cima, concordo com os nossos poetas, pois a nossa vida é feita de altos e baixos e o ser humano é um ser antagônico por natureza.
Como saber se estamos certos se nunca erramos? E é partindo desse princípio que afirmo que aprendemos e assim corrigimos, da mesma forma que podemos sentir e vivenciar a tristeza, mas não ser uma pessoa triste. Uma pessoa alegre não está livre de um acontecimento triste, uma perda ou uma dificuldade, a diferença está que esta pessoa enfrenta melhor as dificuldades da vida e acabam se recuperando mais rápido, pois onde há alegria, há também o amor, a felicidade e outros tantos sentimentos que nos fortalecem.
Todos temos problemas na vida, e é bom que assim seja, pois isso é o que nos torna pessoas vivas e fortes. Com certeza, foi em um momento de dificuldade que Nietzsche afirmou: “O que não me mata, me fortalece".
Então, meus amigos, a opção é nossa, mas vale lembrar, que a opção que Vinicius e Baden nos deixaram é a melhor que existe. O segredo é ser sensível a tudo o que se faz e como se faz, respeitando o momento, o ambiente e o outro.
Quanto Beethoven escreveu sua sinfonia mais empolgante (e claro que estou falando da 9ª) tratou logo de colocar um coral cantando uma ode dedicada a quem? A ninguém menos que a Senhora Alegria! Em uma das passagens mais belas desta sinfonia, o compositor pede à alegria que ela "aproxime aqueles que as leis dos homens separam". Linda e importante reflexão.
Despeço-me do dia de hoje e da frase tão infeliz que tive que ouvir com a seguinte máxima: em um mundo onde há tantas coisas nos afastando, podemos nos unir através da alegria. Por isso, a partir de hoje, me unirei a Baden, a Vinicius, a Beethoven e a Nietzsche, e que “sigam-me os bons!”






segunda-feira, 4 de julho de 2011

Todo vício começa com C

Há momentos na vida de um ser humano em que ele se vê realmente sem nada interessante para fazer. Assim sem companhia, computador, Ipod e com celular fora de serviço, numa viagem de ônibus, fui obrigada a me divertir com os meus próprios pensamentos. Por alguma razão que ainda me é desconhecida, minha mente foi tomada por uma idéia um tanto sinistra: vícios.
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei, pensei, pensei e, de repente, um insight: tudo o que vicia começa com a letra C! De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversão, percebi que todo vício, curiosamente, começa com a letra C.
Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Depois, passei para as mais pesadas: cocaína, crack e maconha. Maconha sim, pois vale aqui ressaltar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa, e olha a letra C aí de novo minha gente. Entre as bebidas super populares, estão: a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café, mas não deixam de tomar o seu chimarrão.
Refletindo sobre o padrão estabelecido, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente iguais, deveria haver alguma explicação para esse fenômeno. Naquele dia, meu insight, finalmente revelava a resposta. A Coca-Cola tem dois “cês” no nome, enquanto a Pepsi não tem nenhum. Impressionante não?!
E o chocolate? Esse dispensa qualquer comentário. Vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles carregados de sal e açúcar: sal é cloreto de sódio e o açúcar é extraído da cana.
Esse fenômeno vai tão longe que algumas músicas também causam dependência, haja vista, a popularização de uma droga musical chamada "créééééu". Ficou todo mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade cinco.
A essa altura, você deve estar pensando “sexo vicia e não começa com a letra C. Pois estás redondamente enganado! Sexo não tem essa qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que nos permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o ato sexual, o coito.
Pois é, coincidências ou não, a maioria das coisas que viciam começam com a letra C. Mas, prestem bem atenção, como em toda regra, há sua exceção, pois se assim fosse, estaríamos salvos, e toda a humanidade seria viciada em CULTURA!