quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Ai Love Sampa"



Ah, minha linda cidade de São Paulo, terra da garoa, a amo de paixão. Impossível descrevê-la em simples palavras. Uma cidade brutal, cosmopolita, caleidoscópica, espantosa, dinâmica, vibrante, violenta, improvisadora, contraditória, ousada e por aí vai.
Escrever sobre São Paulo é uma temeridade. É um teste de múltiplas escolhas. Do que escrever? Escrever sobre a São Paulo dos nossos sonhos? Sobre a cidade surpresa? Sobre os sons, os sabores, a sofisticação, os sotaques da cidade?
Uma vez, ouvi dizer, que esta cidade tem o charme de Paris, não posso afirmar, pois lá nunca estive, mas ela tem sim, todo um charme, um encanto, um brilho tão formoso, que é impossível não notar. A cultura de Londres? Não sei, mas aqui há cultura, para todos os tipos, gostos e povos. Pode até ser que ela tenha esse "quê" gringo, mas São Paulo é São Paulo, com sua própria identidade sendo formada pela soma de tudo isso: grande, charmosa e "multitudo". Aqui os sonhos acontecem e aparecem, a esperança impera e isso pode ser visto no brilho dos olhos das pessoas que aqui depositam essa fé.
Amo São Paulo pelos contrastes entre o belo e pelo feio, o bom e o ruim, o antigo e o moderno. Amo a São Paulo dos extremos e seu visual caótico, com prédios de todos os tipos, tamanhos e cores; o vermelho, verde e amarelo dos sinaleiros nas esquinas; suas mil faces brancas, amarelas, negras, pardas; seus veículos coloridos e roupas ainda mais.
Amo sua mistura de sons: buzinas, carros barulhentos, helicópteros, sirenes, trens, metrôs, cantores anônimos mandando o seu recado pelas praças e ônibus, pregadores das mais diversas religiões, pedintes, o vozerio confuso, as palavras de ordem das greves que invadem as principais avenidas, o clamor por justiça, paz e igualdade... isso é o que dá vida a minha cidade!
Amo os cheiros de São Paulo: cheiro de gasolina, de pastel da feira, da comida típica de cada esquina, de perfume barato, perfume caro, cheiro de gente, cheiro das frutas do mercado, cheiro de caju, maracujá, manga e goiaba, uma mistura única e deliciosa, aquele cheiro gostoso de dar água na boca! Cheiro de pão fresco na madrugada é do café de cada esquina!
Amo as coisas estranhas da cidade de São Paulo! É a terra do café, mas o seu principal viaduto é o do chá. Uma rua chamada Direita, mas que tá mais para esquerda do que meu humor na TPM. Tem uma Rua Formosa que é muito, muito feia, acho que quem a nomeou não procurou saber o significado da palavra ou tem um olhar muito aquém do meu. E a Rua das Palmeiras, que nem sequer tem uma árvore, quanto mais palmeira.
Amo os sotaques de São Paulo, com uma língua própria misturada no caldeirão de raças que aqui chegaram e instalaram moradia.
Amo a São Paulo multicultural e multiracial, amo a cidade que aceita incondicionalmente e sem preconceitos o que quer que nela queira se instalar.
Enfim, amo tudo de São Paulo. E por amor aceito suas qualidades e seus defeitos, suas vantagens e desvantagens. Quero escrever sobre ela, passar minhas emoções, compartilhar com outros que lhe dedique idêntico amor.
E se você me perguntar, onde é que está essa cidade, tão logo vou lhe responder, bem diante dos teus olhos, pois como disse Olavo Bilac "só quem ama é capaz de ouvir e entender as estrelas", então, talvez o que lhe falte, não seja um olhar crítico ou atencioso, e sim amor por essa linda e bela cidade!

 


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Feliz Dia do Amigo



Minha singela contribuição à todos os meus camaradas d'gua, aqueles que mesmo perto, mesmo longe, fazem a minha vida valer a pena, a hora que for e não for!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

As Coisas Boas da Vida


Por Rubem Braga

Uma revista mais ou menos frívola pediu à várias pessoas para dizer "as dez coisas que fazem a vida valer a pena". Sem pensar demasiado, fez esta pequena lista:
Esbarrar às vezes com certas comidas da infância, por exemplo: aipim cozido, ainda quente, com melado de cana que vem numa garrafa cuja rolha é um sabugo de milho. O sabugo dará um certo gosto ao melado? Dá. Gosto de infância, de tarde na fazenda.
Tomar um banho excelente num bom hotel, vestir uma roupa confortável e sair pela primeira vez pelas ruas de uma cidade estranha, achando que ali vão acontecer coisas surpreendentes e lindas. E acontecerem.
Quando você vai andando por um lugar e há um bate bola, sentir que a bola vem para o seu lado e, de repente, dar um chute perfeito - e ser aplaudido pelos serventes de pedreiro.
Ler pela primeira vez um poema realmente bom. Ou um pedaço de prosa, daqueles que dão inveja na gente e vontade de reler.
Aquele momento em que você sente que de um velho amor ficou uma grande amizade - ou que uma grande amizade está virando, de repente, amor.
Sentir que você deixou de gostar de uma mulher que, afinal, para você, era apenas aflição de espírito e frustração da carne - a mulher que não te deu e não te dá, essa amaldiçoada.
Viajar, partir...
Voltar.
Quando se vive na Europa, voltar para Paris (realmente deve ser muito bom...rsrs...), quando se vive no Brasil, voltar para o Rio.
Pensar que, por pior que estejam as coisas, há sempre uma solução, a morte - o assim chamado descanso eterno.

Abaixo, a minha lista:

1) Rir, mas rir tanto, de doer a barriga e ter a impressão que o rim vai sair pelo umbigo;
2) Chocolate;
3) O pôr do sol na Casa de Pedra em São Thomé das Letras;
4) Ficar um domingo inteiro de pijama, sem nem colocar o focinho pra fora;
5) Cheiro de terra molhada;
6) Comer fruta tirada do pé;
7) O arroz de leite da minha vóvis;
8) Ouvir "eu te amo" da pessoa amada;
9) A 9ª Sinfonia;
10) Cantar aquela música que você ama a plenos pulmões, não importanto se está afinado ou não.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um Dia de Chuva


 
Dia de chuva, os pingos caem lentamente, atrasando relógios, quase que parando o tempo. O vai e vém das pessoas torna-se algo parado, monótono, enfadonho. Do outro lado da rua, está um cachorro, molhado, cabisbaixo. Um lavador de carros sentado, com o olhar perdido, e como numa brincadeira, arrisco adivinhar o que ele está pensando: "num dia de chuva não se tem o que fazer, ninguém trará o seu carro para lavar..."solto um sorriso. Perto dali, uma árvore em que as aves descansam e se escondem da chuva e do frio, contraindo seus corpinhos, lado a lado, numa comunhão linda de se ver. Visto isso, resolvo sacodir a preguiça que o dia pede para longe, afinal, que coisa mais linda que é a chuva!
No ponto de ônibus todo mundo se expreme feito suco de laranja, a procura de um cantinho coberto para se esconder, mesmo assim a chuva molha. Ao fundo um ônibus anuncia e quando ele chega, segura peão, todos querem entrar ao mesmo tempo, atrapalhando aquele que quer sair. É guarda-chuva abrindo, é guarda-chuva fechando, guarda chuva voando, guarda chuva que nada guarda. O meu pinga, o dos outros briga. Vendo essa gente brigando, o motorista buzinando e os pedestres se molhando, resolvo aguardar o próximo ônibus, pois de laranja espremida, basta aquela que saciou a minha sede no café da manhã. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Desaperta o Pause

Não é novidade para ninguém, o quanto eu A-M-O música e o quanto eu tenho ouvido incessantemente Mumford & Sons.
Esses ingleses conseguiram conquistar os meus ouvidos e meu coração com um folk rock que soa original, com letras carregadas de espiritualidade e com uma perspectiva humana e sincera.
The Cave é o belo exemplo disso, pois seu refrão otimista irrompe na bela voz e interpretação de Marcus Mumford, sendo acompanhado por uma explosão instrumental, resultando numa bela harmonia. Um raro caso de música feliz que me faz chorar.
Essa música me traz essa sensação de liberdade do clipe: o vento batendo no rosto no fim da tarde, a emoção de ficar em pé na moto, a ousadia de pegar um instrumento e sair cantando e tocando bem alto, aos quatro ventos...
Uma música contagiante, que começa suave, como se fosse um simples bolo assado, que ao final, depois de adicionados todos os ingredientes secretos, ela vai encorpando, e se torna uma música complexa e linda de escutar, assim como aquele bolo quentinho com o chá da vovó no final da tarde.
Desafio ouvir e não se apaixonar!



sexta-feira, 6 de julho de 2012

E Assim Surge Uma História

"A mulher é filha de sua mãe e mãe de sua filha. A mulher tem o sentimento de responsabilidade sobre a vida humana. Dá a vida através da morte porque quase morre dando a luz".



Ela é o maior exemplo de humildade que eu conheço. Deu-me chances de aprender muito sobre tantas coisas. Mostrou-se forte quando o mundo desmoronou em sua vida e os problemas tomaram proporções gigantescas e teve a humildade de passar para outras mãos as rédeas da situação, quando reconheceu que não tinha mais condições de tocar adiante, na dianteira de tudo. Ela é extremamente sábia, tem a grandeza de espírito para se manter firme quando a tempestade passa e  arrasta tudo que não é rocha. Ela viu seus "amigos" se afastando, um a um, e foi assim que descobriu o verdadeiro sentido de tudo. Ela errou, mas sei que nunca se perdoou por isso. Ela se culpa e esse é o único motivo que a impede de ser plena e completa. Mas até o seu erro serviu para me fazer crescer, e eu cresci tanto, tanto, que hoje cuido dela e tento protegê-la de tudo o que possa lhe fazer mal. Algumas vezes ela é rancorosa, mas entendo que ficariam algumas sequelas daqueles dias tão difícies. Que bom que as sequelas foram mínimas. Hoje ela não tem mais um andar tão firme, precisa de bastão para se apoiar. Seus cabelos negros perderam espaço e os fios brancos cobrem sua cabeça e é neles que deposito um beijo todos os dias. Hoje ela tem um olhar diferente, tem uma vida diferente e, embora ela pense que cometeu um grande erro, eu sei que tudo o que aconteceu só serviu para manobrar minha vida à um caminho melhor. Ela é minha heroína, uma heroína de verdade: com defeitos, mágoas e dores. Uma heroína imensa em força. Ela é minha maior lição. Ela é minha mãe.

Sim, essa foto me contou exatamente essa história...

terça-feira, 3 de julho de 2012

A Teoria



A primeira vez que me atentei para o fato foi aos 10 anos mais ou menos. E ficou marcado para mim como uma prova de fidelidade ou talvez apenas mais uma lição rasteira dessas que a vida nos dá – dependendo obviamente da sua subjetividade.
O fato é que desde pequena, o mesmo fenômeno vem me impressionar: a cumplicidade entre os moradores de rua e seus bichos de estimação.
Aparentemente há uma espécie de “contrato” firmado entre ambas as partes. O que eu interpreto, na minha divagação de boteco, como algo metafísico: o cachorro compreende que ele e seu "dono" se encontram na mesma situação limite e marginal,  por isso valoriza cada pedaço de pão compartilhado, cada folha de jornal que espanta o frio, cada caixa de papelão ou tentativa de lar.
Não é preciso coleira para cachorro de mendigo. Se não, vejamos: basta ao cão fugir, pois para ele há toda uma infinidade de ruas com seus restos de comida e poças d’água. Para o vira-lata não seria uma queda de padrão tão acentuada. Pelo contrário, levando-se em conta todo o sabor da liberdade – mesmo que miserável - com um importante adendo: as cadelinhas errantes em pleno cio. Mas eles permanecem ali, pelas calçadas e sarjetas escuras e sujas, fiéis aos seres que dividem com ele cada recanto das suas misérias. O cão e o homem unidos por um mesmo propósito: sobreviver.
E é aí que penso na capacidade humana de compartilhar. Coisas materiais, emoções, ideias...
Sabemos realmente fazer isso?
E assim, volto aos meus 10 anos, com a minha antiga certeza - derivada da minha apressada teoria de criança - de que podemos ser mais por muito menos.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

O Pedido

Ontem, ao tentar arrumar minha bagunça, deparei-me com uma carta, na verdade com um pedido, de alguém que há 7 anos se foi, mas que me deixou muitas lembranças bonitas e boas, algumas tristes, porém não menos importantes, e que acima de tudo, deixou muita saudade! 

"...antes de mais nada, vou lhe fazer um pedido. Aliás, eu não. Vinícius de Moraes, pois no fim das contas, ele sabe pedir, infinitamente, melhor que eu."

"Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.
Se não quiser chorar, não chore.

Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão.
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me.
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.
Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles.
Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei.
Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase :
'Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!'
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.
Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus.
Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele.
E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele.
Você acredita nessas coisas ? Sim?
Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Eu não vou estranhar o céu, sabe por que?
Porque ser seu amigo já é um pedaço dele!"