quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Despedida

Desde 1999 circula na internet, um poema de despedida, atribuído ao escritor Gabriel Garcia Marquez. Este poema é entitulado como La Marioneta ou A Despedida de Gabriel Garcia Marquez.
Essa pequena mentira, como muitas que vazam pela internet, entupindo as nossas caixas de email, teria começado com a notícia, divulgada pelo jornal peruano La Republica, que o escritor estava em fase terminal decorrente de um câncer linfático. Algum tempo depois, o tal poema começou a ser amplamente divulgado tanto na internet como em alguns jornais. O Globo do Rio de Janeiro e O Jornal do Comércio no Recife, inclusive descrevendo-o como um poema "lindo, emocionante e inesquecível".
O próprio escritor desmentiu a história e a autoria do poema, apenas confirmou que estava se submetendoa tratamento contra o câncer, e não morrendo, como foi veiculado.
Orlando Marsetti, em sua A Crônica do Falso Adeus, diz que "para quem conhece um pouco da obra desse grande autor, poderia ter desconfiado da autoria do poema, já que o poema insistia na  citação vocativa de Deus, pois pelo que sabemos, Gabo (como gota de ser chamado pelos amigos), é um escritor de esquerda, simpatizante do Marxismo, amigo de Fidel Castro, militante de causas sociais, enfim um militante engajado, mas nem de longe com um perfil religioso."
Em La Marioneta, encontra-se a versão original do poema em espanhol, com a afirmação de que o poema não foi escrito por Gabo, mas sim por um Johnny Welch, um ventríloquo que trabalha no México, para o seu boneco de nome Mofles. "Estou muito decepcionado por ter escrito alguma coisa e não receber o crédito" disse o ventríloquo. (Ah coitado, foi jogado de escanteio...rsrsrs...)
Então, esse post é dedicado ao meu amigo Rafaele, que assim como muitos, acreditou na história que circulou na internet, e como muitos se emocionou, porém, independente de quem tenha escrito, é um texto muito bonito que vale a pena ler. Abaixo segue o poema.

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas certamente pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, me  jogaria de bruços no solo, deixando descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saisse. Pintaria como um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida...
Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes- te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...
Aprendi que todo mundo quer viver no cume da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido
aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo do pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas finalmente não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente
estarei morrendo."

Gente, agora vamos combinar, nessa última frase, sabendo da história verdadeira, imagine o boneco morrendo e indo parar na maleta...kkkkkk...cômico e trágico, afinal o coitadinho, pelo jeito não queria morrer, mas seu dono (o Deus que ele tanto clama) não quis nem saber e matou o pobrezinho, ou quem sabe ele teve um síndrome de Pinóquio e queria ser um menino de verdade... Que dó! Que dó! Que dó!

Fonte: http://www.quatrocantos.com/LENDAS/31_marioneta.htm

4 comentários:

  1. Olá Carol
    Amaleta é o lugar aonde o ventrílogo guarda a marionete de trapo............

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  2. Eu sei Tia Irina, mas vai ver que ele ia colocar o bonequinho na maleta e não tirar ele dali nunca mais!!!!

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  3. Rafaele Alfonso Salso8 de julho de 2011 às 21:20

    Ao receber esta carta, pensei logo em enviar compartilhar com pessoas sensiveis e de bom gosto. Apesar da veracidade da autoria nao ter sido comprovada, isso nao tira o merito e o brilho do momento de quem pôde receber esta obra.

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  4. Esse é o problema da internet. Lemos, e logo acreditamos naquilo que estamos lendo. A internet deixou as pessoas preguiçosas, isso sim. Ao ler a primeira frase do poema já sabia que ele não havia sido escrito pelo autor de Cem anos de solidão, mas isso porque sou fã incondicional dele. Mas, entretanto, contudo e todavia, é um texto bonito.

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