quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ode à Alegria

O cenário é a Sala São Paulo, a orquestra é a Sinfônica de Tatuí e a obra é a 9ª Sinfonia de Ludwig Van Beethoven e a personagem eu, uma Carolina Almeida Senra que não consegue se reconhecer, uma Carolina que esboça um sorriso bobo no rosto, com borboletas que voam pelo seu estômago e com as mãos mais molhadas que a cidade de São Paulo num dia chuvoso.
Palavras me faltam para descrever o que senti, mas sei que foi uma alegria desenfreada que pôde ser constatada pelas lágrimas que escorriam para o meu sorriso bobo de criança ao ganhar o presente que queria no Natal. E como me faltam palavras para descrever meus sentimentos, vou enrolar um pouquinho...
Certa vez, Beethoven chegou a afirmar: "atingi tal grau de perfeição que me encontro acima de qualquer crítica". Difícil discordar! Afinal, é consenso dizer que Beethoven está para o mundo da música assim como Shakespeare está para o da literatura e Michelangelo para o das artes (segundo o meu consenso e de algumas pessoas aí, que não me recordo no momento...rsrsrs...).
Partindo desse pressuposto, poderíamos (eu e o meu consenso) dizer que a 9ª Sinfonia se confunde com a nossa própria representação como seres humanos. Composta num momento equivalente ao nosso despertar (o Iluminismo), é entre seus acordes, ritmo e letra que o mundo tem hoje a sua forma atual: um belo retrato musicado da alma de todos os seres humanos, controversos por essência, frágeis por natureza e extremamente criativos. Se a linha que separa a loucura da sanidade é tênue, existe um fosso gigantesco, separando a genialidade da mediocridade, e aqui, referimo-nos à genialidade de Ludwig Van Beethoven.
Abaixo, o poema escrito por Friedrich Schiller, e que inspirou obra tão magnífica! Juro que me arrepio, só de lembrar da leitura de ontem...

Ode à Alegria
 "Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis corram
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora".



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